Foto: Blog do Jamildo |
Caros Amigos,
Sobre a possibilidade de haver rodízio de veículos nas vias da cidade do Recife e no sentido de contribuir com o debate, pontuo aqui, aspectos que me causam um certo temor e que, ao meu ver, os órgãos de planejamento e executores da Prefeitura precisam estar atentos:
A proposta do rodízio recifense difere da capital paulista (principal exemplo no Brasil) na quantidade de carros que - em tese - deixarão de circular. Em São Paulo, restringem-se duas terminações de placas por dia, deixando de circular aproximadamente, 20% da frota (?). Em São Paulo os veículos de placas com terminação 1 e 2 não circulam nas áreas restringidas nas segundas feiras, mas ficam "liberados" nas terças, quartas, quintas e sextas, já os veículos com terminação 3 e 4 ficam proibidos nas terças feiras e liberados no restante da semana e assim sucessivamente... Vale salientar que aos sábados e domingos não há quaisquer restrições.
Na proposta da Prefeitura do Recife - de acordo com os jornais - a restrição levará em conta placas pares e ímpares, ou seja, se o dia for par, todos os veículos 2, 4, 6 e 8 poderão circular, mas estarão proibidos nos dias ímpares. Nesses dias (ímpares) só poderão circular os veículos com terminação 1, 3, 5, 7 e 9. O curioso, segundo o Diário de Pernambuco (em meados de março de 2013) é que não há ainda uma definição para as terminações "0". Bom, se consideramos que a placa 0 será considerada par, a restrição de circulação por dia será de 50% e é aí onde entra minha outra preocupação.
Ora, estaremos preparados para proibir 50% dos condutores de circularem em dias alternados sem apresentarmos opções viáveis para suas viagens? Nas matérias não há qualquer menção sobre como se dará a oferta do sistema público de transportes, especialmente por ônibus trem e metrôs. O número de viagens vai aumentar? Esses modos suportarão o aumento dessa demanda? Qualquer política restritiva ao uso do automóvel precisa ser pensada e implementada com ações concomitantes de uso e ocupação do solo e do planejamento dos transportes. Para proibir o cidadão de usar seu carro é necessário que haja oferta no sistema público com alto nível de serviço (pontualidade, segurança, modicidade tarifária e conforto).
Outro fato preocupante é que a Prefeitura do Recife ainda não se posicionou se a medida (o rodízio) vai servir apenas para os automóveis (carros) ou se será um rodízio veicular (compreendendo todos os automotores, como motos, caminhões e ônibus que não façam parte do sistema público). A motos estarão enquadradas na restrição? E se não estiverem - e forem liberadas do rodízio - não estará havendo um estímulo do crescimento do uso desse modal, sabidamente vulnerável e perigoso?
A Prefeitura do Recife e Governo do Estado precisam esclarecer quais as ações nesses corredores restritivos serão adotados. As calçadas receberão algum tratamento para que os 30% históricos de pessoas que andam à pé, o façam com maior conforto e segurança? E a mobilidade por bicicleta e seu crescimento silencioso das pessoas que fazem uso para seus deslocamentos principais como ir ao trabalho diariamente? Não seria essa a hora de estimular seu uso, garantindo mais segurança para seus usuários e desafogando o sistema público de transporte com mais uma opção, esta, saudável e sustentável?
Bem, essa discussão já é um bom começo para que possamos amadurecer a ideia e fazer uma boa colheita no futuro. E mais, para que não haja a sensação de que o Poder Público quer apenas "mostrar serviço". O próximo passo deve ser a elaboração do projeto para ser apresentado à sociedade em audiência pública, pois a Administração Pública não pode deixar de debater diuturnamente com a população e com os setores da sociedade que já se debruçam há anos sobre o tema. Certeza que essas medidas não podem ser tomadas dentro dos gabinetes.
Por fim deixo claro que sou favorável a políticas restritivas ao uso do automóvel, mas não existe uma única medida capaz de resolver a situação atual que vivemos.
Saudações!
Saudações sustentáveis - Meu caro além da nossa luta diária desenvolvida em nossa cidade caótica de Salvador, acompanhamos também diariamente as questões da Mobilidade em diversas cidades brasileiras entre elas a do Recife.Tenho criticado severamente,no caso da capital pernambucana,assim com em outras capitais a expl. do Rio e Salvador a excessiva tendência "rodoviarísta" do Gov. de Pernambuco que só enxerga solução para os problemas de mobilidade na adoção sempre dos chamados corredores de ônibus e BRTs improvisados como sistemas de transportes de massa. Sabemos que os ônibus mesmo os esticados ( articulados) compõe sistemas de transportes alimentadores e complementares devida a sua baixa capacidade de transportes em relação aos trens,metrôs e VLTs,no máximo um sistema de BRT implantado observando todas as sua características técnicas exigidas para o seu bom funcionamento ( 02 calhas segregadas com 07 mts de largura cada por sentido,com 2 faixas cada uma de tráfico e outra de ultrapassagem em toda a sua extensão com 03 linhas permanentes em funcionamento - 1 paradora,1semi expressa,1 expressa) conseguem transportar apenas 18.980 pasgs.h/ por sentido podendo chegar no máximo a 23.000pasgs.h píco/por sentido.Sabemos das condições atuais do metro de Recife principalmente dos problemas existentes nas suas estações,as dificuldades operacionais e de manutenção e conservação,e o próprio sistema atual do metrô que a muito carece de ampliação de linhas, muito embora tenha recebido novas e modernas composições da CAF para integrar a sua frota.A questão é; qualquer pneu seja ele de qualquer tamanho tem que ter o seu uso reduzido nas grandes e médias cidades principalmente,temos ai uma série de questões ambientais negativas agregadas aos mesmos,mais soluções midiáticas e espalhafatosas a toque de caixa não resolvem nem solucionam os atuais problemas ref. a mobilidade nas cidades que hj sofrem por falta planejamento urbano de projetos e de investimentos em sistemas de transportes de massa prioritariamente sobre trilhos com visão para médio e longo prazo que efetivamente trariam soluções mais eficientes e duradouras.Não vejo em recife,assim com em Salvador por parte da administração municipal,e em Recife do Gov. do estado principalmente uma preocupação em atacar as questões crucias e importantes relativas a mobilidade urbana mais sempre uma proposta antiga de beneficiar o setor rodoviarísta de transportes em detrimento do transporte sobre trilhos muito mais eficiente,mais rápido,mais seguro,mais confortável,menos poluente e com maior capacidade de transporte de passageiros,e ai sempre aparecem as soluções paliativas,rodízio de automóveis,mais ônibus,mais viadutos,mais pontes,mais elevados,mais avenidas,MAIS ESPAÇÕS PARA OS PNEUS RODAREM e mais adiamento para uma solução inteligente e duradoura.Menos carros nas ruas ótimo,mais é preciso pensar também nas ruas como um bem público ao qual os pedestres e ciclistas tem todo o direito de compartilhar e usar com segurança e conforto.Na falta das soluções duradouras sempre aparecem as soluções "luminosas" para tampar o sol,do caos, com a peneira furada da incompetência,da ausência de boas políticas publicas em consenso com a sociedade civil e da falta de um bom planejamento urbano para as nossas travadas e poluidas cidades brasileiras. Abçs. Pregopontocom
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